terça-feira, 18 de março de 2014

Sobre carnaval, morrer cedo e a casa na Toscana!

Um dia, no carnaval, um amigo de uma amiga pegou minha mão pra ler. Em meio ao álcool, brincadeiras e chapação, com uma delicadeza e firmeza que me fizeram ter a certeza de que não era a primeira (nem a segunda) vez que realizava o feito, ele disse:
- Você vai morrer cedo.
Eu, assustada e mais pra Bagdá do que pra Olinda, retruquei:
- Mas como assim, moço?
Ele reafirmou:
- Por volta dos 50 anos.
Talvez ele tenha falado 53 anos, mas agora não ouso afirmar. Recolhi minha mão, sorrimos um para o outro e voltamos cada um pra sua patota. O carnaval é bom demais pra se levar uma coisa dessas à sério.



Verdade seja dita, nunca fui supersticiosa, mas sempre acreditei no poder do invisível. Invisível aos nossos olhos mortais e calejados de tanta "humanidade". Mas eu não vou falar de crença aqui, outro dia quem sabe (?)... O fato é que me peguei pensativa sobre morrer cedo. 50, talvez 53 anos. Eu já tenho 24... significa que já foi metade da vida. Pensamentos me assolaram e assombraram, e o que eu fiz da vida? Lembrei da infância, ah! tempo bom e abastado que nunca vai voltar. Não pude deixar de recordar da adolescência, tempo de descobertas, boas amizades e algumas poucas e comedidas loucuras. Talvez nem deva taxá-las como loucuras... sempre fui careta demais para "loucuras". Amigos, festas, garotos, viagens, cervejas! Quanto já vivido. Quanto ainda por viver! 50 anos! O que são 50 anos pra quem quer abraçar o mundo com as pernas? Pra quem quer viver em tantos lugares?? Impossível também deixar de lado o meu novo projeto de vida, na verdade, o meu primeiro projeto "projetado" de vida: comprar uma casa na Toscana!

Nunca fui o tipo de pessoa que tem metas, objetivos, planos (talvez por isso seja o que sou hoje. Nada de grandes coisas!), mas pela primeira vez em 24 anos eu tenho um plano de vida, ter uma casa na Itália! A ideia surgiu ao ler um livro, Sob o Sol da Toscana. Já havia assistido o flime, ainda adolescente, mas nunca fui também o tipo de pessoa que tem atriz favorita, filme favorito, lugar favorito, comida favorita, banda favorita. Sempre torci Flamengo e fui apaixonada por Paris. Só! Sou mais o tipo de pessoa que vai fazendo o que quer, vivendo o que vem, sonhando com o que se tem pra sonhar. Mas esse livro... ah! esse livro. Uma narrativa cheia de detalhes íntimos e apaixonantes sobre cores, cheiros, sensações e sabores da Toscana. Hoje entendendo porque o Cosmos me fez demorar tanto para lê-lo, ele sabia o impacto que teria. Quase 4 meses se passaram desde que o comprei e criei coragem para tirá-lo da escrivaninha. 

À princípio era um plano a médio e longo prazo, muito provavelmente para quando me aposentasse, já tivesse netos (será que eu vou ter pelo menos filhos?!) e rumasse para a Itália com os que do mesmo desejo compartilhassem. Viver de boa comida, bons vinhos e amor (Será que é pedir demais? Oi, Deus?)! Daí lembrei: 50 anos! Juntei LÁ com CRÉ, que não dá em nada mas foi o único ditado que lembrei agora, e resolvi colocar um pouco mais de astúcia na vida, deixar de ser a que não planeja e nem sabe o que quer da vida e correr atrás. Por enquanto o plano é: juntar dinheiro pra casa na Toscana, ou em qualquer litoral bonito cheio de cores, cheiros e amor da Itália. Amanhã compro um porquinho. Depois, a vida que nunca pensei (e nem vou??) ter.

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